Por: Engº. Agnelo Chiunde Miguel, Representante Provincial do PDAC na Huíla.
As ideias que serão aqui apresentadas referem-se as experiências de campo vivenciadas durante os trabalhos com os agricultores. Estas reflexões podem servir para conhecer um pouco mais o pensamento do agricultor em relação aos adubos, visto que a percepção dos adubos têm causado uma confusão na hora da compra, aplicação e nos resultados da produção, comprometendo o aumento da produtividade e a redução da qualidade dos produtos.
A confusão dos adubos
O que é adubo na óptica do agricultor?
Para uma boa parte dos agricultores com os quais temos trabalhado, tudo o que é colocado ao solo, junto a semente e durante o desenvolvimento da planta, chama-se adubo. Os mais conhecidos e aceites por eles são seguintes: 12-24-12 NPK (Nitrogénio, Fósforo e Potássio), ureia e o sulfato de amónio. Fora destes, conhecidos como adubos, não existem outros. Esta é uma das confusões dos adubos.
Então, tecnicamente o que são adubos?
Os adubos são substâncias orgânicas colocadas ao solo para melhorar a fertilidade física, biológica e química dos solos. Existem uma vasta gama de adubos, dentre eles estão a farinha de ossos, a compostagem caseira, a borra de café, o húmus de minhocas, as cinzas, os estercos, as boianças (estercos de boi) e outros.
Outro conceito que pode ser aqui apresentado é o de fertilizante. Este é a substância química simples ou composta colocada no solo, junto a semente ou durante o ciclo de vida da planta, para fornecer os nutrientes necessários para o crescimento, desenvolvimento e a reprodução das plantas.
A confusão dos adubos é que para alguns agricultores das áreas abrangidas pelo PDAC (Projecto de Desenvolvimento da Agricultura Comercial) na província da Huila, os adubos são apenas NPK, ureia e o sulfato de amónio. Muitas das vezes, os agricultores não são percebidos pelos comerciantes de insumos e não acreditam nas explicações técnicas dos profissionais.
Como o adubo é um melhorador de solos, a sua aplicação não necessariamente exige a análise dos solos. Este facto, leva alguns agricultores a agirem da mesma forma com os fertilizantes, aplicando sem efectuar a análise de solos. O que tem causado aplicações excessivas ou insuficientes, comprometendo a produtividade e causando problemas ambientais aos solos e as fontes de água.
Os adubos da confusão
Alguns agricultores pensam que adubo é fertilizante, por isso:
- Todos querem adubos, até aquele que não é agricultor!
- Os adubos são considerados como o solucionador do problema das baixas produtividades das culturas! Não é verdade.
- Os adubos têm causado o êxodo rural! As quantidades excessivas de fertilizantes aplicados aos solos têm contribuído na pobreza dos solos e têm forçado algumas comunidades a abandonarem as suas áreas de produção, migrando para as cidades a procura de sustento.
- Boa parte dos agricultores considera mais os adubos que as sementes!
Esses são os fertilizantes da confusão (NPK).
Reflexões Conclusivas
Conforme apresentado acima, fica claro que é necessário ajudar os agricultores a perceberem que adubo não é fertilizante e fertilizante não é adubo.
Apesar de ambos serem importantes para o aumento da produtividade, a aplicação do fertilizante deve ser cautelosa, pois, precisa de ser precedida de uma análise de solos, para determinar a quantidade necessária a ser aplicada. Desta forma evitar-se-á problemas de saúde pública e ambiental, causados pela aplicação exacerbada de fertilizantes.